quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A Virada

Vi uma vez num filme que todo truque de mágica consiste em 3 passos. O primeiro chama-se A Promessa, e é o mais fácil de ser executado. Nele, o mágico demonstra o que irá fazer e fala à platéia a existência do seu truque, sua essência. Ainda não o realiza, só coloca a platéia a par do que ele irá realizar. O segundo passo é o que dá a verdadeira mágica para o truque. Chama-se A Virada, e é o momento onde o mágico surpreende a platéia, mudando o rumo de seu truque com alguma coisa que desaparece, ou que é cortada ao meio, ou não se encontra como deveria. É o momento onde a platéia se enche de atenção e esperança, pois é o ápice da mágica e tudo aponta para a realização do truque e seu sucesso. Nesse ponto do truque todos os conceitos que a platéia tem sobre o truque são jogados por água a baixo e o "chão" de todos cai, para então vir a última parte do truque. Esta é chama de The Prestige, ou O Grande Truque. Nesse ponto o mágico surpreende a todos, finalizando o truque, fazendo aparecer o desaparecido, juntando o que foi despedaçado ao longo do truque, fazendo aparecer um novo pássaro, e enfim, tendo o sucesso esperado pela platéia e com certeza, muitos aplausos.
Talvez esse ano que se passou tenho sido parte de um truque. Talvez no começo do ano tenhamos feito promessas, planejado, sonhado e com certeza colocado nas nossas listas de desejos mais esperados. Acho que serei bem realista em falar que muitos desses sonhos, desejos e planos não foram realizados não? Toda essa primeira parte do truque, A promessa, talvez tenha ido por água a baixo durante o seu ano, ou pelo menos alguma parte dela. É nesse momento, onde o chão da platéia, todos os conhecimentos prévios dela e tudo o mais que ansiamos de truque tenha ido por água a baixo. Essa platéia somos nós, que esperamos uma coisa do ano que se passa, mas não conseguimos, ou então não sabemos como conseguir mais, e nossas forças chegam quase ao fim. Esse momento é o chamado de A Virada. Algo familiar?
No momento da virada, seja do truque, ou do ano, relembramos aquilo que se passou. Dificilmente nos anos que se passam conseguimos fazer tudo o que desejamos, e sempre lembramos de muitas coisas ruins que se passaram e vêm a nos atormentar, os nossos esqueletos do armário. A virada consiste em deixarmos para trás tudo o que acreditamos existir, e nos libertar dos nossos medos e tudo o mais que impeça a realização do truque e o prazer que iremos ter em tal realização. Esquecer do que as promessas que fizemos geraram em nós, sentimentos de aflição, anseio e turbulências passadas. Esquecer de tudo o que fomos, na virada, é essencial para o final do truque, o sucesso e realização do mesmo.
Ansiando sempre o final do truque é que devemos caminhar, mesmo que em meio a tempestades e outras coisas que deixam nossos corações apertados e sem razão de continuar. O grande truque, o prestígio, o sucesso, pode vir depois da virada com certeza. O que temos que fazer é simplesmente esperar, pacientemente, o grande mágico acabar com o truque, realizar seu ato supremo em nossa vida. É assim que espero virar meu ano, e viver minha vida, onde nos momentos de virada sempre posso me apoiar em algo maior que é eterno e duro para sempre. E ainda tendo a certeza de que a última parte do truque há de se realizar o prestígio, tudo aquilo que tinha como prometido, sonhado e desejado, no momento certo, da maneira certa. Esse sucesso porém só vira depois que eu aprender direito o que tenho como prometido, entender meus sonhos e amadurecer minhas idéias. É quando temos o descanso merecido, o verdadeiro prazer e realmente o sucesso verdadeiro, dado é claro pelo mágico realizador do truque, que não não, não somos nós.
Assim nunca poderei esquecer que todo Truque,(afinal nossa vida não passa de uma grande parte de uma maravilhosa mágica celestial e univeral, e com isso temos a garantia de uma felicidade quando nos voltamos ao qual eu chamo neste post de O Grande Mágico, ou seja, o Criador de todos nós e Senhor da minha vida). Todo Grande Truque constiste em 3 partes: A promessa, onde lançamos mão de sonhos, colocamos o que desejamos e ansiamos na mesa. A virada, onde nos surpreendemos e tudo o que acreditamos desaparece, onde amadurecemos e aprendemos o que deve ser aprendido. O Grande Truque, ou, O Prestígio, onde nos surpreendemos ainda mais quando tudo dá certo e tem um fim. Talvez nossos truques demorem para ter um fim, mas sempre serão essas 3 partes, e sempre iremos nos surpreender e aprender mais no momento que se segue, e que comemoramos com o mesmo nome todos os anos. E esse momento se chama A Virada.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Retrospectiva 2008

Esse é o nome do programa que foi transmitido semana passada pela Rede Globo, e que já é uma tradição da emissora há anos. Ao acompanhar a produção do mesmo deste ano, percebi que todos os destaques do ano tinham algo em comum - nenhum deles conseguiu tirar um sorriso do atento telespectador. Só 'desgraça'. O que poderia ser visto como mais positivo colocava o Brasil em trigésimo nono lugar com 17 medalhas de ouro, 21 de prata e 38 de bronze nas Olímpiadas Beijing 2008. Algo até mesmo 'engraçado'. As outras reportagens eram todas tristes e desastrosas. Pai e madrasta acusados de matarem uma criança. Policiais matando inocentes 'a torta e a direita'. Tragédias ambientais que deixaram muitos mortos e outros desabrigados. O genocídio cada vez mais agravante em regiões da África. Uma situação financeira mundial totalmente comprometida. Presidente de potência mundial levando sapatada de oriental indignado. Toda essa envolvente situação de desgraça e de miséria humana, como disse Veja na semana passada, "desafia o sentimento cristão e o simbolismo do Natal". Se não desafia, deveria desafiar, colocar em cheque, e fazer-nos pensar em tudo isso. Pois se isso não acontece com cristãos, com aqueles que não são cristãos, sem dúvida, acontece. Estes questionam a existência de um "Deus" criador e bom em meio a tanta desgraça e desigualdade. Os que não questionam, consideram esse "Deus" uma pessoa ou algo ruim, pois é capaz de deixar coisas ruins atingirem inocentes. Nós, cristãos, temos a resposta na ponta da língua para estes, é claro. E temos que ter mesmo, pois é nossa fé que está em cheque. O que respondemos é que nós, os homens, escolhemos pela independência de Deus, do Criador. E, a partir daí, até mesmo inocentes serão atingidos pela maldade humana. Deus nos deu a escolha, e optamos pela independência. Mas essa situação foi modificada em Cristo, pois este trouxe ao homem perdido e 'independente' uma nova conectividade com o Deus Pai, Criador. Uma nova possibilidade de relacionamente com Deus. Uma oportunidade de mudanças de pensamento, do que é ruim para o que é bom, é a fé dando frutos. Essa é a nossa explicação para os que questionam e até mesmo duvidam de Deus por causa da maldade, miséria e desgraça atuais. E isso é verdade. É nisso que acreditamos. É fé. É certeza. É real para nós, cristãos. Mas sabe por que eles se tornam cada vez mais incrédulos e frios quanto a Deus? Porque não estão vendo os cristãos que tanto falam, falam e falam, agirem em prol da humanidade, pelo bem político, social, financeiro e humanitário das pessoas deste mundo. O que eles vêem são nações cristãs preocupadas com seus bens, riquezas e enriquecimento exacerbado. Países cristãos matando seus semelhantes para conseguirem status mundial e mais poder. Não só a retrospectiva feita pela Globo, mas aquela que todos nós fizemos ou faremos deste ano de 2008, nos mostrará tristes e angustiantes realidades. Diante disso, muitos questionarão ou contuinuarão a duvidar de Deus, e outros ainda o tacharão de cruel, insensível, ruim. Essas realidades devem desafiar não nossa fé, mas nossas atitudes cristãs humanitárias e sociais e não apenas aquelas que são 'passivas' mesmo que sejam importantes. Nossas atitudes cristãs devem ser desafiadas, a fim de não "abandonarmos a razão e cedermos ao horror". A fé e razão devem andar sempre juntas. Assim, a perspectiva para 2009 não será colocada apenas sobre um suposto bom presidente da maior potência mundial, mas todos teremos perspectivas melhores baseadas nas atitudes individuais de cada um. Seremos pessoas ativas e pró-ativas e nao ativistas, a fim de que o mundo seja melhor, a vida seja melhor e o Bem vença. Pense: Qual a minha perspectiva para 2009? Onde entra minhas atitudes nessa história? Como posso fazer diferença? Uma retrospectiva, por mais que seja ruim, sempre exige ou implora por uma boa perspectiva.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Os dois irmãos

Bom, essa é uma história daquelas que você pode contar aos seus futuros netos, numa rodinha, ou perto de uma laleira em momentos de paz e de lembranças. Ela é uma história em que existe uma moral, um lição, personagens e como sempre e de costume, um que faz o certo e outro que faz o errado. Para explicar melhor e com poucas palavras é um causo que um cara se dá bem e o outro se ferra, basicamente. Alguns podem achar engraçado, principalmente quando souberem todos os detalhes, e outros podem achar ridículo ou maluco. Fazer o que? Esse é meu objetivo mesmo, não tenho intenção de escrever textos que gerem comodidade, ou que não causem o mínimo de estranheza em nossas mentes robotizadas e normalizadas com o que chamamos de trivial e eventual. Mas então, mais uma vez, senta que lá vem história!

"A história se passa numa segunda-feira chuvosa e muito atípica. Onde dois irmãos se encontram, depois de manhã e tarde de estudos, para um evento que vão todas as segundas, e tradicional futebol da semana. Como é dia de chuva, o irmão mais velho já desanima, pois não vê em todo o seu caminho de volta de onde estava, a possibilidade de aquela chuva parar a tempo de ele e seus amigos se divertirem jogando o mais famoso esporte brasileiro, o futebol. É por isso que vai para casa desacreditado e cético, quanto à possibilidade de uma diversão saudável e eficaz para sua forma e estado físico e também mental.
Ao contrário de seu irmão cético, o irmão mais novo tem atitudes muito diferentes. Quando seu irmão chega em casa, ele já está arrumado para o futebol, pronto para jogar e ir até a quadra para dar um show de bola nos demais. Mas as condições ainda não são favoráveis para ele, pois ainda está chovendo e sem indícios de parar. Os dois irmãos discutem sobre a possibilidade de não haver o futebol, de seus amigos não irem, e de ainda estar chovendo, e, visto que a quadra é aberta, esta estar toda molhada. Depois de muito falar, discutir e teorizar, os dois decidem ir até o local para ver no que dará. O mais velho o tempo todo relutante à possibilidade de ele dar uns dribles e uns passes errados naquele dia.
Pois então chegam ao local. Ainda chovendo. O irmão mais velho dá uma de "aha! eu não disse" e ameaça ir embora, pois não haverá futebol se continuar chovendo. Porém o mais novo em todo tempo permanece fiel à possibilidade de haver a partida de futebol, pois acredita que a chuva vai parar e ainda que a quadra irá ter o devido tempo e condições de secar. Não sei se comentei antes, ou se vou ser repetitivo, mas o irmão mais velho ainda está cético e não acredita em possibilidade nenhuma de haver um futebol.
É então que tudo começa a acontecer rapidamente. A chuva vai parando. Os meninos começam a secar a quadra. Os irmãos discutem. O mais novo diz que vai dar pra jogar e secar a quadra, e o mais velho desacretidado, nem liga, quer ir embora. É aí que a história tem o auge, e que a atenção especial aos fatos é requerida.
- Você já ouviu a parábola dos dois lavradores? - diz o irmão mais novo quando o mais velho fala que está indo embora.
- Não quero saber, eu sei essa parábola, vamos embora.
- Você sabe a história?
- Sei! Não vai dar pra secar toda essa quadra antes que comece a chover de novo! Choveu o dia inteiro, não vai dar pra jogar bola, vamo embora e parar de perder tempo aqui! Os rodos não vão funcionar e nem temos muita gente hoje mesmo, indo embora...
- Pois vou contar de novo, é assim: Dois lavradores estão cuidando de uma plantação. Eles estão num período de muita seca, e precisam da umidade trazida pela chuva para conseguir plantar. Um deles se prepara para a chuva, ainda que não se tenha nenhuma atividade de nuvens no céu. O outro não acredita que irá chover e nem prepara a plantação. O resultado é que chove dali uns dias e o lavrador que se preparou colheu bons frutos e conseguiu passar bem a estação da seca, e o outro ficou sem nada.
- Tá e que isso tem a ver com agora? - o irmão mais velho já estava impaciente, cansado e desacreditado. Não preciso nem dizer a palavra cético, preciso?
- Estou me preparando para jogar futebol, e é isso que vou fazer a quadra vai secar. Assim como Deus abençoou o lavrador que se preparou pra chuva, vai abençoar a gente parando a chuva pra gente jogar bola.
O irmão mais velho calou-se no momento, mas ainda permaneceu no seu ceticismo, pois a quadra não tinha secado completamente. Deu que dali uns minutos estavam eles todos, os irmãos, amigos, e novos amigos, agradecendo a Deus por ter parado a chuva e possibilitado a partida de futebol, e principalmente a secagem da quadra. Talvez foi o tapa na cara mais doído no ceticismo do irmão mais velho, que se julgava inteligente e até mais sábio que o mais novo. Foi a prova que não era nada, e não estava preparado para muitas coisas e que existiam ainda outras muitas coisas que ele precisaria aprender e compreender. Seu ceticismo o impedia de se preparar para as coisas, de acreditar, ter esperança."
E é isso que o ceticismo faz conosco mesmo. Nos deixa tão a par e a mercê da razão que não podemos nos dar ao luxo de ter alguma esperança no impossível ou no inimaginável. Tudo é uma questão de dados e fatos e coisas palpáveis. Mas, e se a vida não é assim? E se tudo for muito mais além de tudo isso? Será que o que vemos, sentimos, e temos como padrão de vida é isso mesmo? Nós realmente entendemos o sentido da nossa mera existência? Com o ceticismo não há espaço para estas questões, e sem essas questões as possibilidades de novos caminhos, sonhos a realizar e uma esperança futura são massacradas e dizimadas.
Ok, ok, sei que você deve estar na frente do seu computador talvez dizendo: "quanta bobagem para um texto só, poderia tê-lo dividido em dois"ou "É muita questão profunda sem reposta, essa história não é real, é só figurativa, não tem base real." e milhões de outros pensamentos que não tenho a compreensão, pois não leio mentes! Te peço que releve o que escrevi. E há um porquê. O irmão mais velho, aquele que levou a bofetada da fé de seu irmão, que teve seu ceticismo escancarado e jogado na lama, acreditou mais naquilo que ele mesmo sabia e podia ver, e não naquilo que não podia ver. Não confiou naquilo que estava além de seu conhecimento, e muito ainda além de sua capacidade de realização, mas finalmente aprendeu algo sobre fé. Aprendeu algo relevante, e que o fez parar para refletir e pensar sobre seu ceticismo e sua utilidade realmente nula. Ser céticos nos faz mal, e uma hora ou outra e nos impede de aproveitar algumas coisas que nos são oferecidas e são dádivas de alguém muito maior que nós mesmos. Talvez não entendamos tudo o que nos é passado diariamente, mas uma busca por isso já um grande passo e com certeza é bem sucedida. Realmente o irmão mais velho aprendeu uma boa lição aqui, e a moral da história cada um pode tirar por si só, sintam-se a vontade. Tudo isso aconteceu a algumas semanas, numa segunda feira chuvosa, e o irmão mais velho, meus caros amigos, era eu.