sábado, 29 de novembro de 2008

"Cada um no seu quadrado"


Esse trecho desta música tem chamado muito minha atenção. Não apenas por ser o hit do momento, mas por vir à minha mente em diversas situações do meu cotidiano. Certo dia estava no shopping quando, de repente, vi uma cena real que tirou a frase tão falada da minha boca: "É, cada um no seu quadrado". Era uma cena comum, uma cena que vemos naturalmente no nosso dia dia, mas, que, ao pensar na realidade de "cada um no seu quadrado", tomou uma forma diferente do esperado. Era uma família almoçando na praça de alimentação! Isso mesmo! Não se espante! Foi essa visão que me fez pensar numa realidade cada vez mais presente ao nosso redor com o passar do tempo. Realidade, muitas vezes, camuflada, mas que tende a saquear os tesouros mais estimados que temos. Bom, chega de blá blá blá, pois acho que vocês querem saber o que esta família estava fazendo, né!?! Como disse, eles estavam almoçando em uma praça de alimentação. Porém, era um almoço, no mínimo, diferente, interessante, para mim, intrigante. Eles não comiam e conversavam naturalmente sobre peculiaridades de suas vidas uns com os outros como se espera de um momento como esse. O pai, um sujeito de aproximadamente 40 anos, comia e, ao mesmo tempo, falava ao celular sobre coisas de trabalho, falando alto e, às vezes, até exaltando-se com quem falava. A mãe, uma jovem senhora com seus 35 anos, dividia a refeição com breves pitadas de leitura de um dos últimos best sellers do momento - A Cabana. Um dos filhos, um menininho de 6 ou 7 anos, brincava com um boneco do homem-aranha. E o outro filho, acho que com uns 12 anos, ouvia músicas no seu itouch enquanto comia, e como comia! É verdade, ali cada um estava no seu quadrado, ou seja, cada um preocupado com o que lhe interessava da forma mais subjetiva possível. Nenhuma coisa das quais eles estavam fazendo interessava ao outro. É esta a realidade - o individualismo - que está roubando dia a dia, camufladamente, os tesouros mais preciosos que temos, ou seja, os bons e saudáveis relacionamentos. É claro que tomar este exemplo específico de 10 minutos de observação, e torná-lo geral é muita ingenuidade e ridículo. Seila, pode ser que aquela família se relacione muito bem. Mas "aquela cena", "aquela cena" é um exemplo do individualismo que nos cerca cada vez mais, individualismo que é uma das marcas dessa nossa era, já denominada por alguns como a "pós-modernidade". E, se formos pensar com toda sinceridade, realmente é assim. Passamos o nosso dia a dia em frente ao nosso computador ou debruçados nos livros, buscando o nosso bem e fazendo sempre o melhor, com excelência, como aprendemos com nossos pais e mestres. Mas isso é bom! Muito bom! Onde está o erro? O erro está no fato de que essas atitudes, se não forem acompanhadas de cultivos de relacionamentos saudáveis através de conversas triviais com amigos e famílias, saídas ocasionais com estes para uma conversa também trivial, o que vai acabar acontecendo é que faremos tudo por nós, para nós, com vistas ao nosso bem. E isso é ruim, pois é por causa disso que surgem disputas, guerras e até mesmo atentados terroristas. "Nossa, mas isso está muito longe de mim!" É, pode ser que sim. Mas isso é resultado de algo que pode estar bem próximo de nós - o individualismo. Por isso, se relacione mesmo com o pouco tempo que você em toda essa correria diária. Converse com teus amigos, com teus pais, com teus irmãos, com quem quer que seja! Estabelça relacionamentos! Isso pode evitar muita coisa ruim! Muita mesmo! E que essa minha idéia do hit "cada um no seu quadrado" esteja cada vez mais por fora!

2 comentários:

Ryuji disse...

Cada um no seu quadrado até certo ponto né?
Isso serve mais pra quando alguém quer dar palpites alheios na nossa vida, afinal: "Cuide do seu quadrado que eu cuido do meu!"
Mas é a pura verdade. Individualismo correndo solto. E tá, posso estar sendo meio xiita, mas a culpa é do sistema. E nós fazemos parte do sistema, logo, acredito que mudar a si mesmo é mudar o sistema, não?
Abço ate+

Anônimo disse...

^ ah, vou discordar de vc, Ivan... acho que assim como "quando um não quer, dois não brigam", só faz sentido deixar o microcosmo do egocentrismo se houver alguma boa receptividade exterior.

Mas hoje em dia, permanecer cada um no seu quadrado é, paradoxalmente, uma questão de sobrevivência e uma sentença de suicídio (aos espíritos mais fracos)... o surto de doenças psicossomáticas vem dessa falta de consideração de cada um com o próximo.

Enfim... há situações em que é possível 'meter o bedelho' no quadrado alheio, respeitosamente, com a devida abertura e permissão.

[]'s a todos.