quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A crônica dos astronautas

Imagine-se um astronauta. É, como o da foto ali em cima. Viajando, por um caminho novo, uma outra atmosfera, a qual você nunca esteve acostumado antes. Foi um longo caminho, da atmosfera do seu pequeno mundo, onde tudo girava em torno de você, tudo fazia sentido e as coisas eram simplesmente porque eram. Agora sua visão é um pouco diferente. Seus olhos foram abertos para uma nova atmosfera. Daqui você pode ver o Sol, e sua íncrivel luz, às vezes ofuscante. Esse Sol que é o centro de tudo. Interessante o fato de que ao olhar um pouco pela janela de sua espaçonave solitária, vê que até mesmo o seu mundo gira em torno desse Sol. Sim, agora você realmente vê, olhando as coisas com uma ótica totalmente nova, que seu mundo era dirigido, guardado e protegido por uma força que o mantinha estável e aquecido. Mas as novas descobertas não param por aqui.
Ao sair em viagem, abrindo mão do seu mundo, você desistiu de sua velha vida de terráqueo, agora é um astronauta, e deve fazer coisas que astronautas fazem. Como manejar sua nave, estudar para não acabar perdido no espaço imenso, e até controlar seu ôxigênio para não morrer. Coisas que exigirão muito de você. E às vezes há aquele simples sentimento de incapacidade. Aquela famosa frase "Não vou consegur, não sou bom o bastante para isso!" Sentimentos como esse te apavoram, e assombram, ainda mais quando estes te lembram de sua vida antiga, "segura" e sem preocupações que vivia em seu mundinho. A jornada de um astronauta às vezes parece solitária. Em sua busca, cada vez mais sozinho e longe do seu antigo mundo, a solidão quer destruir toda a esperança e luz que vem do Sol. O sentimento de "Será que tem outros por aí pra me ajudar?" é cada vez mais forte.
De repente você vê ao longe uma base espacial. Não está só. Te aceitarão, te daram mantimentos e até poderão dar umas dicas para você continuar sua exploração. Mas chegando perto da base seu pedido para atracar é negado, por ser muito "novo" e não estar devidamente preparado ainda. Passa então a base egoísta e orgulhosa, que nem atenção deu à um novo membro do grupo intergalático dos astronautas. É triste não ser aceito, e seus medos voltam noite após noite, em sonhos e pensamentos, perturbando com o fato da aparente rejeição. Haverão de ter outras bases espaciais pelo universo? Elas te aceitarão?
Um olhar mais atento pela janela te dá a idéia exata do que vem pela frente. Muitas bases, milhares delas, de muitos tipos, culturas e de mundos diferentes. Cada uma cheia de seus próprios astronautas, algumas pomposas, outras menores e sem graça, todas com um constante movimento. Tudo então muda, a percepção é outra agora. Você consegue ver o mundo dos astronautas e aparentemente não está mais sozinho. Algumas bases o tratam assim como a última o tratou, algumas falam em uma língua que você não consegue entender, ou complicado demais, ou rápido demais, ou lento demais. Outra o deixam entrar, mas ignoram e deixam você se virar sozinho, como um supermercado. Todas querem te ensinar tudo, disciplinar, falar dos seus antigos erros somente, e dizer que eles estão errados. Seu passado para elas parece ser muito mais importante, e é isso que determinará seu futuro, segundo essas bases espaciais. Nenhuma parece ter a ajuda que realmente você precisa, o amor, seu combústivel. Todas pegam toda a sua energia do Sol, mas parece que constantemente colocam elas mesmas acima de tudo, deixando o Sol somente como "catalizador" ou algum tipo de talismã. Há muita gente por aí, porém, perdido de novo você está. Sem nenhuma ajuda para sua jornada tão difícil. Seu mundo já está bem distante, e a vontade de voltar para ele é grande, muito grande.
É então que uma basesinha aparentemente feia, sem nenhum atrativo, finalmente chama sua atenção. Ela tem umas iniciais em sua carroceria, um J e um C bem grandes. A janela em forma de Cruz é bem transparente, e os astronautas lá dentro parecem ser amigáveis, gentis, e com um olhar diferente. Você decide investigar, tentar entrar, ser aceito, afinal, que opção restou? Incrivelmente eles te aceitam com um grande sorriso no rosto, e acolhem você, enchem sua nave, a reparam, e guardam para você. As pessoas em nenhum momento se vangloriam como sendo maiores que você, melhores ou mais experientes. Te ensinam, dão uns toques de como mantes limpo o carburador, como dirigir em meio a tempestades e chuvas de meteoros e até o convidam para algumas viagens juntos. Um homem aparece ao seu encontro. Seu coração pára. Aquele sentimento de "encontrei" reina sobre você neste instante. Ele te comprimenta com um sorriso único e inegável, e a paz toma conta do seu coração. Que momento inexplicável!
Em um jantar com o homem, que se apresenta como sendo o dono da nave, você consegue muitas explicações. O homem, J.C., é vindo diretamente do Sol, e é alguem que é o Sol. Ninguém consegue entender esse fato, mas todos conseguem de verdade sentir isso. Ele veio ao mundo dos astronautas e se tornou um de nós para resgatar aqueles perdidos, e não aceitos em outras naves. Veio para buscar e salvar os perdidos. Com o tempo, percebe-se que ele é de fato toda a verdade, em pessoa, e tudo gira em torno dele, esse misterioso astronauta, tão bom, tão amoroso e compassivo. De fato ele foi, é, e sempre será a salvação que você tanto buscou. Seu mundo agora é entregue a ele, com toda confiança, porque ele veio para te resgatar e te chamou para ser parte da tropa dele. Toda sua inespêriencia, todos os seus antigos erros, tudo o que você era antes, se fez novo, e a luz do Sol superabundou tudo. Sempre que precisar você sabe pra onde recorrer, e tudo estará seguro. É assim que você se despede de toda base espacial, e principalmente do capitão, continuando sua jornada para agora completar sua nova missão: ensinar aos outros novos astronautas o caminho até a base da cruz. Esse é seu novo começo.
Mas a coisa não acaba aí. Ainda o capitão tem mais algumas palavras a te falar enquanto você liga sua nave e se prepara para a jornada. Te dá o poder de seu próprio espírito e diz que estará com você todos os dias até o final dos tempos. Fala que você não estará sozinho na jornada, que encontrará outros que o ajudarão e outros que precisarão de ajuda. Diz que sempre que se sentir só, incapaz, fraco, e sem vida, deve olhar para o Sol e renovar suas forças. Há esperança, há vida, há real liberdade. Você sabe onde encontrar agora o porto seguro no espaço, onde descansará e reabastecerá, trabalhará e aprenderá mais e mais. Antes de partir um breve adeus a todos, que lhe desejam uma boa viagem. De novo, sua jornada recomeça, com novo fôlego e vida.
Em sua nova jornada é que nos encontramos, compartilhamos e fortalecemos nossos laços um com o outro e com o Sol. Contamos os detalhes de nossas viagens, as dificuldades e as vitórias. Conversamos e nos ajudamos. É assim que amigos fazem não? E afinal, estamos na mesma missão. Confidenciamos nossas incapacidades e procuramos aprender mais sobre o capitão e sobre o Sol a cada dia, às vezes até indo madrugada a fora, procurando saber e discursando sobre tão grandes obras se realizaram em nós, lendo cartar e o livro que o capitão nos mandou, sendo o livro da vida. Prometemos nos ajudar, suportar e andar um com o outro até o fim. Nossa jornada será dura em algumas partes, difícil e complicada. "Problemas virão" avisou o capitão. Mas o Sol consegue brilhar mais forte que qualquer problema, e com ele conseguiremos vencer. Interessante é que o Sol nos aceita como somos, e brilha em nós, e nos ama verdadeiramente. Mesmo sendo tão incapazes como somos, eu e você, Ele nos escolheu para Sua importante missão. E estamos aí, voando universo afora, sendo astronautas que não se distanciam da órbita do Sol um momento sequer, que tem suas imperfeições, mas são incrivelmente amados e aceitos como são. A mudança fica clara quando comparamos nossas antigas vidas em nossos mundos distintos com a vida abundante e livre que temos agora. Liberdade que somos mandados para espalhar, falar e compartilhar com todos os astronautas do universo. Por fim, astronauta, quero dizer sempre estarei contigo também, em qualquer lugar da noite do universo, procurando te apoiar, e amando sinceramente, procurando dar o melhor que meu ser imperfeito pode oferecer. Que continuemos nossas explorações!

Um comentário:

Ryuji disse...

a busca nao termina nunca, nao? =]
mt bom esse, cara,
ate mais