quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Sala de espera e radiografias panorâmicas

Estava eu, dias atrás, indo a um consultório médico, ou melhor, ao dentista. Na verdade era numa clínica de radiografias. Deveria tirar uma radiografia panorâmica da minha arcada dentária, para saber como andavam as coisas, se tudo estava no lugar e um check-up básico. Não fazia a menor noção do que me esperava, e com coragem desci do carro para entrar naquela clínica. Uma moça me atende, muito simpática, e eu digo o que vim fazer ali. Após essa parte sempre tem um chá de cadeira básico não? Pois é, não foi diferente. Acabei por esperar, esperar e esperar. Minha paciência que já não estava em alta abaixou mais ainda. Não se você já percebeu, mas as coisas começam a passar muito mais devagar quando se está com pressa ou sem paciencia. Meu olhar estava atento à tudo o que se passava diante de mim, estava sem fazer nada, aguardando uma chamada do meu nome. Nunca quis tanto ouvir "Guilherme" na vida.
E meu nome demorou a ser chamado, passaram-se 4 pessoas na clínica, um homem que entrou em uma sala com computadores, que provavelmente estava prestando serviços e trabalhando lá. Outra mulher, que mexia nos aparelhos de radiografia, e andava de um lado ao outro, o que me irritava, pois não via esperanças de meu nome ser chamado com isso. Entrou também uma mulher como filho, e ficaram no balcão. Ela trocou umas palavras com a moça, que rapidamente fez uma ligação. Em instantes, a mulher, com uma cara muito mais impaciente do que a minha, pegou o telefone e começou a reclamar de um serviço não feito, ou não entregue no dia certo. A impanciência dela me deixou tão tranquilo! Alguém estava mais impaciente que eu. Isso me vez, por incrível que parece, ficar tranquilo. Minha hora chegaria, e provavelmente antes de meu estado de impaciência se tornar destrutivo.
Finalmente, como um coro de anjos, meu nome é chamado. Nessa altura já estava tranquilizado e até surpreso por ser tão rápida a minha chamada, por conta da mulher e seu filho, que exalavam impaciência. A mulher que ia de um lado para o outro me chamou até uma sala. Foi aí que toda minha coragem desabou. A pintura do local era boa, mas uma coisa me incomodava, e incomodava muito. O gigantesco símbolo de perigo radioativo me deixava tenso, surpreso e com muito medo. Porque eles tem que colocar um símbolo tão enorme? Nós não precisamos desse medo! Foram momentos muito tensos, primeiro um colote que pesava muito, de chumbo, para evitar a radiação e me proteger. A máquina que tirava as radiografias era muito enorme. E pior que fazia um barulho grotesco e tenebroso. Me senti uma cobaia, sinceramente. "O que estão fazendo comigo?" e "Será que vou virar um mutante?" até passaram pelos meus pensamentos nessa hora. A tal da máquina girou uma vez, tirou as radiografias, e a mulher me disse: "Pode sair, tire o colete". Os momentos seguintes foram de um alívio muito grande, mas uma incrível segurança de que a radiografia ia realmente ajudar ao ser mandada ao meu dentista. Refleti e aceitei que meu medo era idiota e sem nenhuma razão e toda aquela minha impaciência não me tinha levado a nada.
Feliz e contente, fui até o consultório do meu dentista, pois meu irmão estava lá, em uma consulta, ou deveria estar. Mas não estava. Na verdade estava é esperando. Toda a minha impaciência e sempre vejo pessoas esperando muito mais que eu. Sempre tem alguém pior não eh? Aguardei pacientemente, e até consegui tirar um cochilo, nas 2 horas esperando alí, em todo o processo, na sala de espera, até o final da consulta. Paciência nunca é demais, e quando aprendemos a ter, podemos tranquilizar outros, e quando vemos outros piores que nós, podemos nos tranquilizar, e até suportar nós mesmos em outros mais pacientes.
Mas que coisa quero passar com toda essa história de radiografias, dentistas, e sala de espera? Será que você terá paciência para me esperar concluir esse inóspito e louco raciocínio? Aonde mais eu pararia para refletir em coisas da vida, senão num consultório, numa sala de espera, de fato esperando, sem ter nada mais para fazer? Certas reflexões são feitas em horas assim, quando tudo se torna mais visível e a gente não tem outra preocupação senão esperar pelo nosso nome em alta voz.
Encaremos a nossa espera por uma resposta às nossas necessidades como a sala de espera. Quando estamos esperando alguma coisa, resposta de Deus, ou revelação dEle, podemos só pensar em nós mesmos, ser impacientes e reclamar com Ele pela demora. Ou então, podemos ser mais paciêntes um pouco e realmente nos tranquilizar, até tirar uma soneca, e nem ver o tempo passar quando nosso nome foi chamado e nossa oração respondida. Esperar é difícil, mas pessoas que já esperaram muito podem nos ajudar a passar por isso, e nos dar um suporte muito bom.
Às vezes estamos esperando uma radiografia do nosso ser, de quem somos. Além da espera pela nossa vez, também ficamos com medo quando Deus toma o controle da coisa, e nos coloca em lugares mais perigosos e faz a gente passar por provações e testes. Mas a gente sempre tem que lembrar que Deus nos dá o colote de proteção antes, a sua palavra, Sua compania e presença sempre ao nosso lado. Quando Deus quer nos revelar de verdade quem somos, temos que, além de estar dispostos a ser pacientes, confiar no Seu poder e em toda a sua capacidade de fazer as coisas funcionarem. Nâo importa o quanto barulho façam, e o quão grande sejam os desafios, Deus vai estar com a gente, e com certeza isso servirá para crescermos e sermos testados, para mudar e curar alguma doença ou anomalia em nossa vida. Ainda não gosto de esperar em salas de espera, acho um verdadeiro saco, mas isso me faz refletir na grande espera que a vida é, com diversas coisas. Espera por alguém certo, pela faculdade certa, trabalho certo, filhos, amigos, respostas de oração e infinitas coisas que exigem paciência da gente. Minha sala de espera agora está totalmente entregue em Deus, que me dá a segurança e toda a paciência necessária para viver a vida. Até podemos pensar: "O que Deus está fazendo comigo?" , "Será que vou sair daqui mudado totalmente, um estranho para mim?". Deus nos pega e muda a gente, arruma, ajeita, e nos capacita ainda mais para o que está por vir. Esse é um processo constante da sala de espera, a mudança e a espera, a espera e a mudança.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A Busca

Anteriormente, em "A crônica dos astronautas" foi-se dito de uma viagem, uma busca, por alguém verdadeiro, pela real felicidade. Alguns se impressionam por essa busca parecer nunca acabar, sempre continuar, com cada vez mais aventuras e desafios. E realmente é verdade, ela não acaba. Não aqui, não neste mundo, não nesta vida. Nós buscamos e buscamos, até chegarmos ao dia em que nossa busca acabará e encontraremos em pessoa aquele que se fez achado e nos fez buscá-lo. Esse meio tempo é onde a vida se encaixa. Amores, ilusões, brigas, vitórias e derrotas, e muitos outros acontecimentos importantes para nós se encontrar entre o ínicio e o fim da busca.
Porém há uma dúvida que paira no ar: Porque então buscar? Parece meio ridículo não? Correr atrás de algo que você só encontrará depois daqui. Díficil entender aos padrões humanos de comportamento. Então porque tantas pessoas ainda persistem em dizer que a busca é verdadeira? Porque nós insistimos em buscar, e ainda encorajar outros a fazer o mesmo? Acho que uma busca que nos muda, atravéz da caminhada, não da conclusão da coisa. É o caminho disso tudo que nos transforma e nos faz querer continuar. Esse caminho tão misterioso, estreito, às vezes difícil, chio de surpresas de todos os tipo. O caminho traz consigo um mistério que só quem o fez pode esplicar, e quem anda por ele muias vezes pode vir a se sentir perdido quando longe daquele que o criou.
Certa vez o Criador desse caminho, que leva até ninguem menos do que Ele mesmo, disse algumas coisas a um povo que havia esquecido o estilo de caminhada, esquecido como dar os passos e não lembrava mais o ritmo a ser tocada a caravana. Ele fala atravéz de um homem chamado Jeremias, que viveu a um bom tempo, antes mesmo de Jesus Cristo nascer e mudar toda a história pra sempre. E as palavras de Deus foram simples, diretas e completas. A integridade de tudo, e a esperança da conclusão dessas palavras é que nos faz andar e andar, sem nunca querer parar.
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis passareis a orar a mim e eu os ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazervos o lugar donde vos mandei para o exílio.
(Jeremias 29 : 11-1)
A busca nos muda, faz a nossa sorte mudar. Não sorte no sentido de que iremos prosperar e ter muitas coisas, dinheito e tudo o mais. Algumas pessoas usam isso para querer enganar e tornar a corrida mais interessante aos olhos humanos. Mas verdadeira sorte no sentido de que nossa vida irá mudar, nosso estilo mudará, nossos pensamentos mudarão, nós não seremos mais os mesmos. E ainda há a garantia de que, se buscarmos com todo o nosso coração, iremos achar. Iremos achar a vida para o nosso coração, a alegria, a verdadadeira felicidade. Olharemos o mundo não mais com os nossos olhos pessimistas e vagos, sem nenhuma perpectiva, mas olharemos tudo com os olhos do digníssimo Deus, todo-poderoso pra fazer qualquer coisa. Ele é a quem buscamos, seu amor é o que almeijamos. Se realmente entendermos isso, talvez tudo fique muito mais fácil de se encarar, dificuldades serão encaradas com coragem, de fato. Porque a busca, gera uma esperança de algo melhor, algo construtivo, algo palpável que teremos no futuro se continuarmos numa determinada direção. E essa direção é dada pelo Cristo, a Verdade. Como Tomé uma certa vez, poderemos ficar sem saber o nosso caminho, ou sem saber como prosseguir, e andar, sem nos perder. E nós falamos pra Jesus: "Se não sabemos pra onde você vai, como poderemos saber o caminho?"
Respondeu-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
(João 14 : 6)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A crônica dos astronautas

Imagine-se um astronauta. É, como o da foto ali em cima. Viajando, por um caminho novo, uma outra atmosfera, a qual você nunca esteve acostumado antes. Foi um longo caminho, da atmosfera do seu pequeno mundo, onde tudo girava em torno de você, tudo fazia sentido e as coisas eram simplesmente porque eram. Agora sua visão é um pouco diferente. Seus olhos foram abertos para uma nova atmosfera. Daqui você pode ver o Sol, e sua íncrivel luz, às vezes ofuscante. Esse Sol que é o centro de tudo. Interessante o fato de que ao olhar um pouco pela janela de sua espaçonave solitária, vê que até mesmo o seu mundo gira em torno desse Sol. Sim, agora você realmente vê, olhando as coisas com uma ótica totalmente nova, que seu mundo era dirigido, guardado e protegido por uma força que o mantinha estável e aquecido. Mas as novas descobertas não param por aqui.
Ao sair em viagem, abrindo mão do seu mundo, você desistiu de sua velha vida de terráqueo, agora é um astronauta, e deve fazer coisas que astronautas fazem. Como manejar sua nave, estudar para não acabar perdido no espaço imenso, e até controlar seu ôxigênio para não morrer. Coisas que exigirão muito de você. E às vezes há aquele simples sentimento de incapacidade. Aquela famosa frase "Não vou consegur, não sou bom o bastante para isso!" Sentimentos como esse te apavoram, e assombram, ainda mais quando estes te lembram de sua vida antiga, "segura" e sem preocupações que vivia em seu mundinho. A jornada de um astronauta às vezes parece solitária. Em sua busca, cada vez mais sozinho e longe do seu antigo mundo, a solidão quer destruir toda a esperança e luz que vem do Sol. O sentimento de "Será que tem outros por aí pra me ajudar?" é cada vez mais forte.
De repente você vê ao longe uma base espacial. Não está só. Te aceitarão, te daram mantimentos e até poderão dar umas dicas para você continuar sua exploração. Mas chegando perto da base seu pedido para atracar é negado, por ser muito "novo" e não estar devidamente preparado ainda. Passa então a base egoísta e orgulhosa, que nem atenção deu à um novo membro do grupo intergalático dos astronautas. É triste não ser aceito, e seus medos voltam noite após noite, em sonhos e pensamentos, perturbando com o fato da aparente rejeição. Haverão de ter outras bases espaciais pelo universo? Elas te aceitarão?
Um olhar mais atento pela janela te dá a idéia exata do que vem pela frente. Muitas bases, milhares delas, de muitos tipos, culturas e de mundos diferentes. Cada uma cheia de seus próprios astronautas, algumas pomposas, outras menores e sem graça, todas com um constante movimento. Tudo então muda, a percepção é outra agora. Você consegue ver o mundo dos astronautas e aparentemente não está mais sozinho. Algumas bases o tratam assim como a última o tratou, algumas falam em uma língua que você não consegue entender, ou complicado demais, ou rápido demais, ou lento demais. Outra o deixam entrar, mas ignoram e deixam você se virar sozinho, como um supermercado. Todas querem te ensinar tudo, disciplinar, falar dos seus antigos erros somente, e dizer que eles estão errados. Seu passado para elas parece ser muito mais importante, e é isso que determinará seu futuro, segundo essas bases espaciais. Nenhuma parece ter a ajuda que realmente você precisa, o amor, seu combústivel. Todas pegam toda a sua energia do Sol, mas parece que constantemente colocam elas mesmas acima de tudo, deixando o Sol somente como "catalizador" ou algum tipo de talismã. Há muita gente por aí, porém, perdido de novo você está. Sem nenhuma ajuda para sua jornada tão difícil. Seu mundo já está bem distante, e a vontade de voltar para ele é grande, muito grande.
É então que uma basesinha aparentemente feia, sem nenhum atrativo, finalmente chama sua atenção. Ela tem umas iniciais em sua carroceria, um J e um C bem grandes. A janela em forma de Cruz é bem transparente, e os astronautas lá dentro parecem ser amigáveis, gentis, e com um olhar diferente. Você decide investigar, tentar entrar, ser aceito, afinal, que opção restou? Incrivelmente eles te aceitam com um grande sorriso no rosto, e acolhem você, enchem sua nave, a reparam, e guardam para você. As pessoas em nenhum momento se vangloriam como sendo maiores que você, melhores ou mais experientes. Te ensinam, dão uns toques de como mantes limpo o carburador, como dirigir em meio a tempestades e chuvas de meteoros e até o convidam para algumas viagens juntos. Um homem aparece ao seu encontro. Seu coração pára. Aquele sentimento de "encontrei" reina sobre você neste instante. Ele te comprimenta com um sorriso único e inegável, e a paz toma conta do seu coração. Que momento inexplicável!
Em um jantar com o homem, que se apresenta como sendo o dono da nave, você consegue muitas explicações. O homem, J.C., é vindo diretamente do Sol, e é alguem que é o Sol. Ninguém consegue entender esse fato, mas todos conseguem de verdade sentir isso. Ele veio ao mundo dos astronautas e se tornou um de nós para resgatar aqueles perdidos, e não aceitos em outras naves. Veio para buscar e salvar os perdidos. Com o tempo, percebe-se que ele é de fato toda a verdade, em pessoa, e tudo gira em torno dele, esse misterioso astronauta, tão bom, tão amoroso e compassivo. De fato ele foi, é, e sempre será a salvação que você tanto buscou. Seu mundo agora é entregue a ele, com toda confiança, porque ele veio para te resgatar e te chamou para ser parte da tropa dele. Toda sua inespêriencia, todos os seus antigos erros, tudo o que você era antes, se fez novo, e a luz do Sol superabundou tudo. Sempre que precisar você sabe pra onde recorrer, e tudo estará seguro. É assim que você se despede de toda base espacial, e principalmente do capitão, continuando sua jornada para agora completar sua nova missão: ensinar aos outros novos astronautas o caminho até a base da cruz. Esse é seu novo começo.
Mas a coisa não acaba aí. Ainda o capitão tem mais algumas palavras a te falar enquanto você liga sua nave e se prepara para a jornada. Te dá o poder de seu próprio espírito e diz que estará com você todos os dias até o final dos tempos. Fala que você não estará sozinho na jornada, que encontrará outros que o ajudarão e outros que precisarão de ajuda. Diz que sempre que se sentir só, incapaz, fraco, e sem vida, deve olhar para o Sol e renovar suas forças. Há esperança, há vida, há real liberdade. Você sabe onde encontrar agora o porto seguro no espaço, onde descansará e reabastecerá, trabalhará e aprenderá mais e mais. Antes de partir um breve adeus a todos, que lhe desejam uma boa viagem. De novo, sua jornada recomeça, com novo fôlego e vida.
Em sua nova jornada é que nos encontramos, compartilhamos e fortalecemos nossos laços um com o outro e com o Sol. Contamos os detalhes de nossas viagens, as dificuldades e as vitórias. Conversamos e nos ajudamos. É assim que amigos fazem não? E afinal, estamos na mesma missão. Confidenciamos nossas incapacidades e procuramos aprender mais sobre o capitão e sobre o Sol a cada dia, às vezes até indo madrugada a fora, procurando saber e discursando sobre tão grandes obras se realizaram em nós, lendo cartar e o livro que o capitão nos mandou, sendo o livro da vida. Prometemos nos ajudar, suportar e andar um com o outro até o fim. Nossa jornada será dura em algumas partes, difícil e complicada. "Problemas virão" avisou o capitão. Mas o Sol consegue brilhar mais forte que qualquer problema, e com ele conseguiremos vencer. Interessante é que o Sol nos aceita como somos, e brilha em nós, e nos ama verdadeiramente. Mesmo sendo tão incapazes como somos, eu e você, Ele nos escolheu para Sua importante missão. E estamos aí, voando universo afora, sendo astronautas que não se distanciam da órbita do Sol um momento sequer, que tem suas imperfeições, mas são incrivelmente amados e aceitos como são. A mudança fica clara quando comparamos nossas antigas vidas em nossos mundos distintos com a vida abundante e livre que temos agora. Liberdade que somos mandados para espalhar, falar e compartilhar com todos os astronautas do universo. Por fim, astronauta, quero dizer sempre estarei contigo também, em qualquer lugar da noite do universo, procurando te apoiar, e amando sinceramente, procurando dar o melhor que meu ser imperfeito pode oferecer. Que continuemos nossas explorações!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Vinte!

20 anos, que totalizam 7.305 dias (contando os dias a mais dos anos bissextos), 168.804 horas, 10.130.400 minutos e 607.824.000 segundos. Tudo isso são 20 anos. Mas não fariam sentido algum esses números, contar todos eles e permanecer contando, se esse ato não for feito com significado. O que importa é quem, como, aonde, e com que intensidade foram vividos esses anos, dias, horas, minutos e segundos. A gente vive tentando controlar nosso tempo, contar só por contar, tentar diminuir a ação desse tempo sobre nós mesmos com a ansiedade de ficarmos mais jovens. Queremos tanto isso que acabamos esquecendo de viver a verdadeira juventude.
Vinte! Muita coisa não? Duas décadas, tempo suficiente para muitas coisas acontecerem, pessoas irem e virem, conquistas, segredos, amores, e muito mais. O segredo de viver está exatamente no estilo que se vive esse tempo, e principalmente porque, ou melhor, por quem se vive o tempo. Somos como criaturas que vivem correndo atrás do tempo, tentando controlá-lo, apalpá-lo, fazê-lo correr a nosso favor. Na maioria das vezes falhamos, porque de fato não temos esse controle. Talvez a melhor opção é se render a quem pode controlar o tempo. Deixar acontecer. Nos meus vinte anos, que completo hoje, 8 de fevereiro de 2008, percebo que não há outro estilo de vida senão a entrega a quem é o Senhor do tempo, o resto, como disse Salomão, é vaidade.
Se Deus é o Senhor do tempo, e Senhor de tudo, consequentemente o é de nossas vidas. Assim, se é que você me entende, Ele pode nos ensinar a manejar esse tempo não? Ensinar a contar os dias, a viver de uma forma completa, integral e feliz. A encarar dificuldades com paciência e prudência. A amar realmente, respeitar pessoas e viver em paz. Talvez o segredo de tudo isso seja somente esquecermos de nós mesmos. É, pararmos de olhar para o nosso próprio umbigo e focar em Deus e nos outros. Afinal, não é esse o segredo da vida?
Nós mortais, vistos como as ciências nos vêem e como comumente vemos uns aos outros, somos meras "aparências". Porém aparências do Absoluto. Na medida em que realmente temos existência (o que não diz muito), temos também, por assim dizer, raízes no Absoluto, que é a realidade última. E é por isso que vivenciamos a Alegria: ansiamos, justamente, por aquela unidade que jamais podemos atingir, exceto quando deixamos de ser seres fenomênicos isolados chamados "nós".

(C. S. Lewis - Surpreendido pela Alegria)
Aí está, quando pararmos de pensarmos em nós mesmos, viveremos melhor as nossas vidas! Que dilema interessante! Para vivenciar a alegria de passar os anos, dias e tudo o mais com Deus, devemos estar dispostos a entregar todo o nosso ser à Ele. Falamos tanto sobre como conseguir ter sucesso, ter um ótimo emprego, uma ótima casa, uma ótima família e um ótimo carro. Mostramos aos outros o quanto ganhamos com roupas chiques e outras bugigangas. Adoramos nossa própria imagem diante do espelho, e cremos que assim teremos a confiança necessária para "vencer" na vida. Nossas meras aparências parecem ter uma exêntrica e enorme importância para nós mesmos, que acaba distorcendo e ofuscando o real motivo de viver, o real sucesso e o amor. Essa inversão acaba tomando conta de nossas vidas, e então afundamos achando que estamos pairando sobre o céu. O que eu digo, por final, é que não existe nenhuma outra forma de viver realmente se não for com amor, vivendo em amor, e se entregando ao amor, que é uma pessoa somente concretizada em nós pelo nosso Salvador, o Messias, o Cristo, Jesus. Único Deus e Senhor de nossas vidas, que abriu mão dEle próprio, do Seu único filho, para abrir esse caminho da vida plena. Que Ele nos ensine a viver e contar nossos dias!

Senhor, tu tens sido
o nosso refúgio,
de geração a geração.
Antes que os montes nascessem
e se formassem a terra e o mundo,
de eternidade a eternidade,
tu és Deus.
Tu reduzes o homem ao pó
e dizes: Tornai, filhos dos homens.
Pois mil anos, aos Teus olhos,
são como o dia de ontem que se foi
e como a vigília da noite. (...)
Ensina-nos a contar
os nossos dias,
para que alcancemos
coração sábio.
Volta-te Senhor! Até quando?
Tem compaixão dos teus servos.
Sacia-nos de manhã
com a tua benignidade,
para que cantemos de júbilo
e nos alegremos
todos os nossos dias.
Alegra-nos por tantos dias
quantos nos tens afligido,
por tantos anos
quantos suportamos
a adversidade.
Aos teus servos
apareçam as tuas obras
e a seus filhos, a tua glória.
Seja sobre nós a graça do Senhor,
nosso Deus,
confirma sobre nós
as obras das nossos mãos
sim, confirma
a obra das nossas mãos

(Salmo 90 : 1-4;12-17)

Véspera

Véspera, palavra que usamos para o dia antes daquele dia que tanto esperamos, ou seja, "o dia antes" a grosso modo. Tratamos a véspera com ansiedade e receio, até com medo, com o friozinho da barriga de sempre. Véspera de um aniverssário, véspera de um grande resultado de provas, véspera de casamento, enfim, a véspera é sempre um dia tenso, muitas vezes alegre também. Há muitas vésperas que foram importantes na história, tal como a véspera do Natal, onde os reis magos viram a estrela e a perseguiram para encontrar o menino-Deus, o messias prometido e nosso Salvador e Senhor. Há a véspera de sua morte, a qual foi repleta de acontecimentos importantes como o suicídio de Judas, Pedro negando Jesus três vezes, o povo cuspindo, maltratando, e toda a tortura, física e emocional, do Salvador, o período que chamamos de "Paixão de Cristo". Há ainda sobre Jesus Cristo a véspera de sua ressureição, dia tenso para todos os seus amigos e familiares, e o final da espera, qual no último minuto do dia, na alta madrugada, a pedra do túmulo foi removida. Muitas coisas interessantes existem sobre vésperas. É isso o que faz elas serem tão notadas, importantes e cheias de ansiedade.
Véspera era também uma forma de chamar a primeira vigília da noite, na época do império romano. As vigílias eram divididas em duas partes, as antes da meia-noite e as depois da meia-noite. As antes da meia-noite eram: Véspera, Prima fax, Concubia e Intempesta. As depois da meia-noite eram: Inclinatio, Gallicinium, Conticinium e Diluculurn. Essas vigílias serviam para os guardas trocarem seus turnos. O interessante é que a véspera era a primeira das vigílias, o começo da vigília para o outro dia. Se me entendem, era o primeiro passo, para o novo dia que viria. A véspera é alem da espera, uma vigília, um aumento da atenção sobre os acontecimentos que estão ao redor. Todos ficamos com os sentimentos mais aguçados na véspera!
Mas então o que fazer com toda essa ansiedade? O que dizer, o que sentir, como fazer as coisas? Tudo parece acontecer e ir acontecendo de uma maneira que não sabemos como controlar, e queremos controlar. Temos de fato esse controle? Podemos, em nossa mera existência, exigir esse controle de nossas vidas? Acho que não. Não há como controlar os acontecimentos. A véspera, o que devemos fazer, é não deixar a ansiedade sobrepor a atenção da vigília. Temos essas duas coisas, a ansiedade e a vigília. A ansiedade em exesso nunca é boa, e pode vir a atrapalhar tudo, nos fazendo confundir e nos precipitar. Na véspera, fique atento, vigie, e haja com atenção à todos os acontecimentos. Porque Jesus mesmo nos disse pra não nos preocuparmos com o dia de amanhã. Ele nos dá todas as coisas, nos provê sustento, não há porque nos preocuparmos além de nossas forças. É melhor deixar as coisas nas mãos daquele que nos sustenta, e nos provê o que necessitamos. Tente isso, talvez trará mais animo a sua vida, como tem trazido à minha. Animo de viver, encontrei em Deus somente, e no texto que virá a seguir, que me faz ficar calmo nas vésperas de dias importantes e me traz paz, a solene paz do Espírito Santo.
Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, vocês não valem muito mais que as aves? Qual de vocês, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado (medida do cotovelo até a mão) ao curso de sua vida? E porque andam ansiosos quanto ao vestuário? Considerem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam.
Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?
Portanto não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? ou: Com que nos vestiremos?
Porque os gentios é que procuram todas essas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai pois em primeiro lugar, e seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.

(Matheus 6 : 24 a 34)