domingo, 30 de setembro de 2007

O Monge e o Escorpião

Henry Nouwen conta uma história de um velho que costumava meditar bem cedo, a cada manhã, aos pés de uma enorme árvore na margem do rio Ganges. Numa manhã, depois de ter terminado sua meditação, o velho abriu os olhos e viu um escorpião flutuando sem defesa sobre a água. O homem então, tentou salvar o escorpião, estirando seu braço para a beira do rio próximo à árvore. Quando tocou o escorpião, este o picou. Por instinto o homem recolheu a mão. Alguns segundos mais tarde o homem tenta novamente estirar sua mão sobre as raízes da árvore submersas e salvar o pobre selvagem animal. Desta vez o escorpião picou muito gravemente a mão do homem, a ponto que o veneno deixasse sua mão inchada e cheia de sangue, e seu rosto contorcido de dor.
Naquele momento passou um viajante, e viu o velho estirado de dor, lutando contra o escorpião e gritou:
- Ei, velho, o que há de errado com você? Só um idiota arriscaria a vida por uma criatura tão feia e maligna. Você não sabe que pode se matar tentando salvar esse escorpião ingrato?
O velho virou a cabeça, e olhando nos olhos do viajante, disse calmamente:
- Meu amigos, só porque é da natureza do escorpião picar, isso não muda a minha natureza de salvar.
Essa história me faz pensar, assim como fez com Henry Nouwen e Brennan Manning ao me contarem essa história por meio de seus livros, no símbolo do Cristo crucificado. Naquilo que chamamos de morte de Jesus Cristo, em favor de nós. E nos deparamos com um Jesus que intercede pelos seus assassinos: "Pai perdoa-lhes pois não sabem o que fazem"(Lucas 23:34). O escorpião finalmente conseguiu matar o velho monge. Jesus morreu por uma humanidade ingrata, que continua ferindo e se distanciando da verdade a cada dia, Ele morreu por nós.
E o passante, o viajante, exclama com todas as suas forças ao ver o Cristo estirado no madeiro tentando nos salvar humildemente: "Só um idiota arriscaria a vida por uma criatura tão feia e maligna!" E Jesus responde: "Meu amigo, só porque é da natureza da humanidade decaída ferir, isso não muda a minha natureza da salvar." Aqui está a razão do perdão, da repudiação do ego, da verdade que liberta, a salvação em Cristo Jesus, o homem que morreu pregado num madeiro, em favor de nós, por nossa culpa, e ainda nos perdoou.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Ill ne comprennent pas


Quantas vezes nós reclamamos de pessoas? Quantas vezes as pessoas parecem fazer tudo errado ao nosso redor? O mundo está uma calamidade, a política se afunda cada vez mais. E nós sempre reclamando de todos que não pensam como a gente. Aquele amigo que não concorda com o nome do seu time, o guitarrista da sua banda que quer ter o volume mais alto que todos no mundo, o cantor incompreendido que na verdade não sabe cantar, a secretária atrapalhada que parece não fazer nada direito. Todas as pessoas que nos enchem o saco, nossos chefes, diretores, professores, que parecem não se importar e não dar a mínima para o que estamos pensando.
Jogamos toda a nossa fúria nessas pessoas, tudo aquilo que nos irrita, e falamos mal, chingamos, e dizemos que elas não pertencem ao rol dos que vão para o céu, entre muitas outras coisas dignas de um festival de Cannes para chingamentos. A raiva é tão grande que só pensamos no fato dessas pessoas nos fazerem infelizes e perturbarem até o último átomo de nossas almas. Cada segundo que se passa ao lado dessa pessoa é perturbador, ridículo e atordoante. Como conseguir perdoar coisas imperdoáveis? Há alguém que explique isso? Há possível perdão para os políticos, ladrões, patrões, prostitutas, promíscuos, argentinos, palmeirenses, bateristas, guitarristas, pianistas, baixistas, universitários, seminaristas, líderes compulsivos, cantores de chuveiro, viciados em coca-cola, escritores que ficam enrolando nos exemplos e aproveitadores e todo tipo de gentalha que perturbam os pobres inocentes?
A questão é que todos perturbamos todo mundo. Eu sou com certeza o pior pesadelo de alguém, só não sei ainda. Por mais que sejamos e procuremos ser legais, alguém sempre achará ruim. Coloque-se no lado de quem supostamente te faz o mal. É assim que o perdão começa, aceitando o outro, seu inimigo. A vida pode começar a ficar mais sossegada depois disso, garanto que tira um stress danado! O ato de se jogar fora o rancor e dar espaço para o perdão renova o nosso ser, pois nos faz mais parecidos com Deus.
Houve um homem na história, que ainda vive hoje, que passou por uma gigantesca prova de perdão, e venceu. Primeiro, foi traído por um dos seus mais próximos amigos. Depois, foi entregue pelo traidor nas mãos de guardas romanos, e condenado a ter a pior morte da época, morte de Cruz. Ainda senão bastasse foi torturado, e além do que devia, chicoteado, chincado, e a multidão, que aparentemente antes mostrava respeito e até o seguia, acabou se voltando contra ele, preferindo libertar um ladrão chamado Barrabás do que ele. Aos olhos de Jesus, cheio de espasmos da agonia da morte, espancado, intimado, humilhado, flagelado e cuspido, vemos a multidão observando sua dolorosa morte entre dois ladrões. E a única coisa que sua boca ainda consegue pronunciar, uma de suas últimas palavras, saindo de um corpo debilitado pelos pecados de toda humanidade é: Ils ne comprennent pas
Eles não entendem
O Cristo crucificado e torturado em suas últimas nos perdoa por tudo o que o fizemos. Ao invés de nos repudiar, ao invés de guardar rancor, e de tantas outras coisas que fazemos hoje em dia a quem nos faz mal, Ele diz: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem. Eles não entendem." Ele olhou com compaixão a humanidade caída e avarenta, não esqueceu um segundo sequer de quem era e para que veio morrer naquela cruz. Seu amor por nós o manteve firme, e o ressuscitou, nos salvou e pode transformar nossas vidas a serem mais parecidas com a dEle. Quando reviramos o nosso coração para transformarmos toda a nossa raiva, angústia e repressão em apenas perdão e amor transcendemos a linha da vida e nos tornamos mais parecidos com aquele que morreu por nós, Jesus Cristo. Esse fato, de Jesus ter nos perdoado, é forte demais, ousado demais, gritante e extravagante ao ponto de nos direcionar a fazer a mesma coisa. O desafio do perdão é esse, procurar entender que as pessoas podem não entender realmente o sentido das coisas, podem não conhecer de fato o que conhecemos, e não ter as mesmas opiniões que temos. "Elas não entendem", assim como também nós podemos não entender e machucar também aos outros consequentemente. Assim, retomo à frase que tem nos últimos dias transformado todo o meu ressentimento em compaixão: Ils ne comprennent pas.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

31

É com peso no meu coração que escrevo essas palavras. Às vezes na vida passamos por momentos difíceis, relacionados com amigos, e doenças. Coisas inesperadas podem acontecer, de uma hora para a outra, e nos deixam confusas e parecendo que perdemos o rumo. Mas existe uma esperança, esperança que confiamos ser vinda do nosso Salvador; e consolo, que vem do consolador, o Espírito Santo de Deus, que nos acompanha e nos ajuda no nosso sofrimento.
Nesse fim de semana do final de Setembro de 2007, um amigo nosso, de 31 anos, médico especialista, que dá plantão em cinco hospitais de Campinas, veio a ter um piripaque, e está no hospital. Os médicos diagnosticaram um AVC, derrame cerebral, que ainda não sabemos a causa ao certo. Só sabemos que ele estava muito cansado, tinha dado plantão, estava 2 dias sem dormir direito e ainda foi jogar handebol nas olimpíadas da mocidade no sábado, e depois passou mal na casa dele, e agora está no hospital. Nós da Igreja Presbiteriana Central de Campinas, sendo muito amigos dele e de toda a família dele, sentimos o pesar no nosso coração, e a preocupação. Hoje à noite, após nos reunirmos para o culto na igreja, fomos em 31 pessoas precisamente (sem querer, uma coincidência em tanto, ou não) no hospital Vera Cruz de Campinas, para orar com a família dele, nossos amigos e irmãos em Cristo.
É uma coisa interessante o que aconteceu. O sentimento de orar despertou em nós, diante desse problema com nosso grande amigo. Na Bíblia, em Tiago, no capítulo 5, os versos 13 a 16 revelam as seguintes palavras:
Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém entre vós alegre? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecado, ser-lhe-ão perdoados.(...) e orai um pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
Muito pode a oração do justo. Foi isso que fizemos hoje na frente do Vera Cruz. Oramos. Colocamos diante de Deus o sofrimento do nosso amigo, e consequentemente o nosso. Estávamos lá, visto que somos tão chegados uns com os outros, que somos como uma família. Isso é igreja: preocupação, interscesseção uns pelos outros. Uma das características mais belas do povo de Deus. Podemos cometer pecados, nos desviar, e às vezes não fazer a vontade de Deus. Mas somos ligados. Ligados por algo que é maior que nós, algo que nos faz permanecer unidos, em qualquer situação, na alegria ou na dor.
Peço para que vocês que lêem aqui minhas palavras, pelo menos pensem nisso. Em fazer parte desse povo, dessa família, sem a qual confesso que não seria metade do homem que sou hoje, que sou grato a Deus somente por ter unido a gente, e fazer a gente continuar unido. Peço que se lembrem em suas orações, preces, seja lá o que for, que tragam a Deus esse meu pedido, de obter a cura e colocar a Sua mão sobre o Bruce(vulgo Rafael), para que ele melhore. E que coloque a mão nos médicos que o irão tratar, para o que melhor seja feito, e que nada ocorra de mal. Não sei se você tem esse costume de orar pelos outros, mas te peço gentilmente que o faça, pois precisamos disso. A juventude e toda a Igreja Presbiteriana Central, a qual tenho como verdadeira família, agradecem muito todas as orações. Que esse Deus que nos uniu possa levar a cura a quem precisa, a cura que só Ele pode dar, total e segundo a Sua vontade. Que Deus faça o Seu querer e mande o Seu consolo para nós.
É hoje então, que meu senso de família Cristã está mais do que provado, e que também Deus, como nosso Salvador, nos uniu, por meio de um laço que não será quebrado. 31 pessoas, ligadas por uma fé genuína, que não se confunde e que dá esperança e transforma o nosso viver. Jovens que tem a consciência de que Deus é tudo na vida deles e que Ele pode trazer a cura ao nosso amigo, estiveram hoje orando, e estarão orando incessantemente até sua cura. Porque nós não almejamos outra coisa senão a vontade de Deus, e colocamos tudo aos pés dEle. E que Ele possa levar a cura e o conforto aos nossos corações, e do nosso amigo, de 31 anos, que está internado no hospital Vera Cruz. Amém(Que assim seja)!

sábado, 22 de setembro de 2007

Eu não sei!

Conta-se uma história, no evangelho de João, em seu 9° capítulo, nos versículos de 1 a 34, de um cego de nascença que foi curado. Parafraseei algumas coisas, e mudei o foco narrativo da história. Apliquei-a a um personagem muito importante e talvez o personagem que mais se parece com nós, no dia-a-dia. Senta que lá vem história.
Os dias sempre foram difíceis para mim. Sou um cego de nascença e cegos aqui onde vivo não são bem vistos, andam pelas ruas perambulando, são abandonados à marginalidade e vivem na escória da sociedade. Poucos gostam de ter um cego como companhia, pois não servimos para nada, somos considerados inúteis.
Por aqui associam minha cegueira com o pecado. Um dia, quando um tal Mestre, que diziam ser o Messias libertador do povo( ou talvez só mais um revolucionário de segunda mão que queria chamar a atenção) passava pela minha cidade, os fariseus me levaram até ele e fizeram perguntas acerca de mim e de minha cegueira. Perguntaram quem tinha cometido o pecado para eu ser assim, se foram meus pais ou eu mesmo. A resposta do homem foi intensa, que nem eu nem meus pais pecamos, mas que isso aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na minha vida. E ainda disse alguma coisa sobre ele ser a luz para o mundo, que era escuridão. Confesso que fiquei um tanto quanto confuso com essas palavras, os últimos revolucionários não eram assim, eram tampouco coerentes e nunca faziam discursos sobre ser luz e essas coisas, só quebravam e faziam revoltas.
No momento em que ele acabou de dizer essas palavras, o cara cuspiu no chão de terra, misturou tudo, saliva com terra, fez uma gororoba e passou nos meus olhos. Mandou-me lavar meus olhos no tanque que se chamava Siloé(que significa enviado). E fui. Fazer o que? Tinha que lavar em algum lugar meu rosto sujo, graças à esse homem louco. Quando me lavei foi a sensação mais incrível que já vivi. COMECEI A ENXERGAR! Cara! Foi psicodélica a coisa! De outro mundo! De todas as coisas boas que poderiam acontecer, essa foi a melhor! Não era mais um inútil, era agora normal, como todos os outros. Poderia ser incluso novamente na sociedade de minha época, e teria uma história de vida incrível e extraordinária para contar a todos! Era cego, mas graças ao homem, que se chamava Jesus, comecei a ver. Simplesmente não sabia de onde ele vinha, quem direito ele era, e o que ele veio fazer, mas sei que ele me fez ver. As pessoas me olhavam e se perguntavam se era eu mesmo, e eu tentava convence-las do fato de eu ter deixado de ser cego. E contava a todos a história do homem chamado Jesus que me fez ver com um pouco da sua baba e terra, e de como me lavei no tanque de Siloé. Todos perguntavam aonde estava esse homem, mas eu dizia: "Não sei!"
Era sábado o dia em que Jesus me curou. Isso significava problema para os religiosos da cidade. Os fariseus me acharam e me interrogaram. Contei à eles a história toda, e alguns disseram que Jesus não era de Deus porque não guardava o sábado e coisas assim, de como poderia um simples pecador fazer sinais tão miraculosos. Falei que ele talvez fosse um profeta, mas eles não ficaram satisfeitos com a resposta. Chamaram meus pais, mas meus pais não ajudaram muito, passaram a bola para mim de novo, dizendo que quem tinha sido curado era eu, portanto eu que devia me explicar. Obrigaram a confessar. Se eu falasse que Jesus era filho de Deus poderia ser expulso da sinagoga, pelas regras que eles impunham. Respondi que não sabia se Jesus era pecador ou não, só sabia de uma coisa: "Era cego, e agora vejo". Me obrigaram a contar de novo como ele abrira meus olhos. Insisti em dizer que já havia contado, e de fato havia, e ainda disse: "Ora, isso é extraordinário! Vocês não sabem de onde ele vêm, contudo ele me abriu os olhos. Sabemos que Deus não ouve pecadores, mas ouve o homem que o teme e pratica a sua vontade. Ninguém jamais viu que os olhos de um cego de nascença tivessem sido abertos. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer coisa alguma.". Os homens me insultaram por tentar ensinar alguma coisa para eles e me expulsaram da sinagoga. Não sei porque, não sei. Não sei aonde está o homem que me curou, o qual acredito que seja o filho de Deus, e o qual fui tomado pela grande afeição. Nos meus primeiros dias de visão quero contar para todos isso. Só sei que era cego, e agora vejo, um homem chamado Jesus me fez assim.

Essa história tem alguns fatos importantes. A cura do cego gerou nele uma credibilidade incrível, e uma mudança de vida. Acontece a mesma coisa quando confiamos em Jesus, e nos seus ensinamentos. Quando acreditamos ser ele o Messias prometido e ser Ele o Salvador de nossas vidas e único Deus. Podemos não saber tudo a respeito dEle, podemos ter falhas ao querermos descrevê-lo em linhas perfeitas. Mas sabemos que fomos salvos, sentimos isso, pois isso se torna evidente em nossa vida. Logo, a realidade da Salvação pela graça de Deus, em Jesus Cristo, nos faz vivermos de forma nunca vista antes, que transcende todo conhecimento. E não conseguimos saber de mais nada, a não ser que fomos salvos.
Não sei te dizer ao certo que irá acontecer, o porque aconteceu, como aconteceu, e qual a razão de tudo o que acontece. Não te dizer o que Deus está pensando, o que Ele faz a cada dia em tudo, e quando ele vai voltar. Não sei te explicar todos os mistérios da vida. Posso não saber um monte de coisas, e muitas mesmo. Mas sei de uma coisa. Era morto, e agora vivo. Era perdido, e fui achado. Era pecador, e agora sou salvo pela graça de Cristo. Era trevas, agora sou luz. Era cego, e agora vejo! Um homem chamado Jesus me fez assim.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Da Rocha ao Grão

Andei permitindo que minha mente viajasse um pouco além do já tenho ido. Pode parecer difícil, mas consegui, pelo menos penso assim. Se prepare para o que virá, alto risco de loucura embutido.
Olhando os processos geológicos nos meus estudos na Unicamp, em meu curso de graduação em Geologia, comecei a refletir sobre o processo de formação dos sedimentos (areia e etc.) e das rochas sedimentares (rochas de areia, argila e outros sedimentos). Assim, começo meu louco pensamento, aonde todo o processo tem seu início, e um processo que se mostra muito parecido com o processo chamado "vida" que é realizado em nós. Pude aprender alguma coisa com isso. Tentarei especular aqui o que filosofei, pensei, ou qualquer outra coisa.
Tudo começa na Rocha Sã, ou seja, rocha mesmo, sem nenhuma alteração. Essas rochas quando em contato com o clima, biosfera, água e outros, sofrem um processo chamado intemperismo, que é basicamente, a transformação química ou física das rochas em material inconsolidado. As rochas também podem ser quebradas e seus pequenos pedaços jogados rio abaixo. Nesse processo, o pedaço de rocha vai sofrendo diversas batidas e vai arredondando sua forma, conforme o curso pelo qual o rio o leva, e conforme a força da correnteza. Sua forma vai ficando mais arredondada e menor, chegando assim, após muito esforço, à um grão, que pode ter vários tamanhos: areia, silte e argila são os principais. Esses grãos são levados até um depósito sedimentar, ou seja, uma bacia, lago, foz ou qualquer outra coisa que seja em baixa altitude e pouco nível energético de correnteza. Depois da deposição podemos ter a formação de rochas sedimentares por uma cimentação e compactação dos grãos, ou a formação de praias, dunas, que é somente o amontoamento de todo esse material. Tudo isso é muito melhor explicado no ciclo das rochas, eu apenas tentei ,a grosso modo, pincelar aqui algumas coisas.
Muitas vezes achamos que somos fortes, os melhores, e podemos com tudo. Parecemos rochas duras e grandes, tal qual o nosso ego. Mas às vezes somos quebrados por condições adversas a nós, que acabam nos machucando, ou por nossos próprios erros, e nossas próprias cabeçadas, por nos acharmos mais que todo mundo, por sermos egoístas, por não sermos boas pessoas, e por aí vai uma lista interminável de maus motivos. E alguma coisa, ou alguém, vai nos quebrando. Pelo curso da vida vamos batendo e batendo, quebrando nossas pontas e nos arredondando. Nós vamos sendo moldados conforme os nossos desafios, problemas e dificuldades. Vamos diminuindo de tamanho, cada vez menores, e sempre arredondando. O que antes era um ego cheio de si, agora se torna uma alma repleta de humildade, por conta da humilhação de bater e bater várias vezes a cabeça. Depois somos jogados pelo Criador naquilo que podemos dizer de bacia sedimentar. Um lugar onde iremos se juntar à outros grãos, que poderemos apenas se amontoar e fazer um grande número, porém sem crescer nenhuma vegetação em cima, nada, apenas grãos sem nenhuma produtividade. Ou então, quando nos juntarmos aos outros grãos, poderemos ser ligados por um cimento( cimento que chamo de Deus, assim como o chamo de Criador e Autor de tudo isso), e depois que ligados ao cimento, formaremos de novo uma rocha, sedimentar, que é resultado de todo o nosso aprendizado. Essa sim é algo que poderá vir a se transformar em solo resultante de intemperismo, permitindo assim o crescimento de vegetação, dando frutos, e continuando o ciclo. Creio que essas coisas podem ser mais ligadas do que pensamos, as rochas e nós, ou melhor: toda a criação de Deus e nós.
Talvez Deus quisesse mostrar coisas para a gente por meio de sua criação. O ciclo das rochas e a transformação de grandes blocos rochosos em grãos podem ser um meio dEle nos mostrar o jeito que Ele trabalha na nossa vida. Ele simplesmente destrói nosso ego e nos faz saber o quão pequenos e ínfimos somos, nos faz passar por várias provações, problemas e desafios. Nos molda perante o Seu soberano querer, e assim, nos faz um com Ele. Faz termos compaixão de outros como nós e nos amarmos assim como Ele nos amou. E então, um dia, finalmente nos juntaremos à Ele, e seremos um com o Pai, e o Pai será um conosco tal qual como prometido. Deus faz tudo em plena perfeição, até a imperfeição, no final é capaz de virar perfeição segundo o querer de Deus. Abrir os olhos para a Criação e ter um olhar mais atento à voz de Deus num mundo de processos geológicos, biológicos químicos e físicos pode ser a chave para procurar entender um pouquinho melhor a nossa vida e o que ela tem a ver com o Autor de tudo isso.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Na Luz


Dc talk - In the ligh (Albúm - The Freak Show Live)

Após refletir, pensar, e querer fazer a coisa certa, acabamos que nos desgastando um pouco e ficamos cansados quando tudo parece mudar de repente. Em mim, alguns desejos tem se mostrado mais fortes que outros. Desprezo meu próprio comportamento, quero ser diferente do que todo mundo diz e faz, coisas que geralmente fazem sentido lá fora não fazem mais para mim. Alguma coisa mudou, algo aconteceu. É como se uma luz tivesse aparecido diante de meus olhos e assim me libertado da cegueira que me impedia de ver a vida como verdadeiramente ela é para ser vista. Algo que, desde que conheci Jesus Cristo e decidi deixá-lo me guiar pelo caminho, mudou completamente minha vida. Algo muito maior que religião ou crença. Algo que é fé pura, que parece loucura às vezes, mas que vai muito além da razão e de todo o conhecimento conquistado pela humanidade. Há um desejo de ser melhor, ir além. Talvez você já tenha se sentido assim, como se fosse predestinado a fazer algo grandioso, escolhido por alguém para ser amado, tomado pelo poder de uma grande afeição. Isso, meu amigo, que compartilhamos agora, chama-se graça de Deus.
Jesus foi experimentado como "o" momento revolucionário na história da humanidade. Ele transcendeu tudo o que fora dito e feito anteriormente. Ele era, em todos os sentidos, o definitivo, a última palavra. Seu espírito era o Espírito de Deus. Seus sentimentos eram os sentimentos de Deus. O que ele defendia e representava era exatamente o mesmo que Deus defendia e representava. Nenhuma avaliação mais elevada era possível.

Albert NOLAN, Jesus before Christianity
Quando olho para o que Jesus fez com a humanidade, quando vejo o sacrifício que Ele fez por mim, ao morrer do pior jeito possível para a época, ao lado de ladrões, sem nenhuma dignidade, e isso tudo para me livrar da morte eterna do pecado, não há como ignorar. Em mim há um desejo de andar na luz, assim como Ele esteve na luz. Ser como Ele, seguir seus passos, e reconhece-lo como meu Salvador, meu Deus, e que o fato de Ele existir e se importar comigo me dá vida. Talvez todos devessem imitar os atos de Jesus, como amar ao próximo, amar aos inimigos, ter compaixão pelos necessitados, e o mundo talvez melhoraria. Não penso nisso como uma utopia, em que tudo será perfeito e lindo, mas penso que podemos ser melhores do que somos, se andarmos na luz, que é proveniente de Deus, do único Deus e único Salvador, que se entregou por todos nós. Algumas palavras me ajudaram a entender esse fato:
Trata-se de um belo plano estratégico. Se de fato vivêssemos uma vida de imitação à Sua, nosso testemunho seria irresistível. Se ousássemos viver além da preocupação conosco; se recusássemos a recuar diante da possibilidade de sermos vulneráveis; se não assumíssemos coisa alguma além de uma atitude compassiva em relação ao mundo; se fôssemos uma contracultura ao desejo insano da nossa nação pelo orgulho da posição, do poder e dos bens materiais; se preferíssemos ser fiéis a sermos bem-sucedidos, as muralhas da indiferença contra Jesus ruiriam. Um punhado de nós seria talvez ignorado pela sociedade; mas centenas, milhares, milhões desses servos poderiam abalar o mundo. Cristãos cheios do compromisso autêntico e da generosidade de Jesus seriam o sinal mais espetacular da história da raça humana. O chamado de Jesus é revolucionário. Se o implementássemos, mudaríamos o mundo em poucos meses.

Brennan MANNING, A assinatura de Jesus.
Talvez você ache loucura o que estou dizendo, mas a loucura agora ficará para outro dia. Falarei disso mais tarde. Mas só queria dizer que, minha vida não é mais a mesma. Mudanças constantes acontecem à medida que Deus se revela para mim, mostra o caminha que devo trilhar. A vida tem se colocado diante dos meus olhos. Uma nova ótica, um novo jeito de encarar os fatos, viver pela fé e racionalizar isso. Realmente amar a Deus com toda alma, com todo coração e com todo o entendimento. É assim que desejo honrar a Deus: estando na luz. Em Sua luz, que é vida para tudo e todos, a única coisa que faz o orvalho estar de manhã, que faz meus olhos abrirem, meu coração bater e meus pulmões funcionarem. O único Deus que me protege dos perigos do mundo, que me faz entender porque as coisas acontecem e até as vezes não entender. Um Deus que me ama, que se importa, que tudo perdoa, e que ama o pecador arrependido. O Deus que acolhe e que estará sempre pronto a me ajudar a carregar minha cruz quando tento ser igual a seu filho, andando a caminho da luz.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Percussão Eletrônica

Ontem peguei emprestado de uma amiga minha uma percussão eletrônica. Mal sabia ela que ao me emprestar, eu ficaria tão alegre, e pareceria uma criança quando ganha um doce muito bom. De fato, fiquei alegre, e meio bobo, porque, com as mãos no "brinquedo" comecei a criar coisas novas, ritmos, e fuçar no aparato até tentar tirar um som que me agradava. E me vi perto de infinitas possibilidades, foi uma daquelas novas experiências que se tem, quando descobrimos uma coisa nova e temos quase que um colapso de felicidade e alegria, que nos faz bem e nos dá animo de vida.
Bom, você já deve estar pensando: "Que diabos uma percussão eletrônica vai alterar na minha vida? Esse cara endoidou mais ainda, pirou na batatinha, enfiou a cabeça na privada e deu descarga, já era, manda para o hospício". Mas devo ter algo de útil para falar sobre isso. Espere, continue lendo e verá. Aguarde só mais um pouquinho. Tenha paciência.
Dizem que é mais difícil, quando se tem mais experiência sobre determinada coisa, ter o mesmo grau de prazer em fazer essa mesma coisa. Por exemplo, quando se come muito chocolate, se enjoa do chocolate, e por aí vai, acho que já deu para pegar a idéia. Talvez a mesma coisa acontece com a gente quando se fala em Deus, e a nossa Salvação, ou a experiência com Ele. Alguns dias podemos simplesmente estar eufóricos, porque tivemos um contato maior com Ele, e uma alegria nos contagia fora da normalidade. Mas aí a apatia da igreja vem, e nos tornamos normais, mornos, sem vida e continuamos fazendo só por fazer, indo na igreja só por ir, e esquecendo o primeiro amor, aquele que nos fez ficar tão eufóricos e radiantes feito bichinhos de pelúcia de circo.
É aí que mora o problema, na literatura Judaica, numa carta chama Apocalipse, sete cartas são mandadas a sete igrejas. Uma delas, a de Éfeso esqueceu desse primeiro amor e se tornou morna, apática, sem vida. Quando a apatia nos contamina, perdemos a noção daquela primeira radiante experiência, o primeiro amor, e consequentemente perdemos o calor, perdemos a alegria, ficamos sem vida. Esse é o perigo da apatia! Quando não nos importamos com nada, não queremos fazer nada. Quando nos conformamos com tudo, e não nos incomodamos com nada, e quando somente esquentamos bancos por onde quer que passemos.
E o que isso tem a ver com a percussão eletrônica? Bom, lembra que eu disse que fiquei eufórico? Alegre e feliz, sorridente? Talvez Deus algo similar a me oferecer. Talvez Deus me dê alegria, e me faça novo a cada dia, tendo novas experiências, aproveitando a vida da melhor maneira possível, tendo o amor que vem dos céus e o primeiro amor daquele que primeiro me amou. Um dia não será igual a outro dia, as coisas não serão vistas da mesma maneira, se eu viver na alegria de Deus, na ótica que Ele quer para mim. Isso significa: apatia nunca mais. Da mesma forma que vi em minha frente infinitas possibilidades de ritmos e batuques possíveis com uma percussão digital da Yamaha em posso me divertir sem fim e brincar feito criança, Deus tem infinitas possibilidades de eu me alegrar com Ele, amá-lo e sentir o Seu amor, enxergando-o aonde Ele se mostrar presente, vendo com os olhos dEle, sentindo e ouvindo a Sua palavra. Acredito que Deus tenha uma vida melhor para mim, tenha tudo o que se pode viver, viver ao extremos, e alcançar meus limites, sendo nEle a melhor pessoa que eu posso ser, não sendo perfeito e sem erros, mas sabendo lidar com as coisas, não sendo apático e vivendo com alegria. Deus me faz assim, ser quem sou realmente, e me surpreende com Sua vontade perfeita e Seu amor para com todos. A única coisa que consigo dizer a respeito disso é: "Deus é O cara!". Cada dia que acordo me sinto em um novo dia que não será igual ao anterior, que será melhor e cheio do amor de Deus, problemas podem vir, desafios podem surgir, mas eu sei que Deus está comigo, e encararei isso com a mesma alegria, ousadia e euforia que minha amiga me viu quando colocou em meu colo a percussão eletrônica e apertou o botão que ligava o aparelho.

domingo, 2 de setembro de 2007

Decida pelo 3



Bom, quem decidiu essas coisas sobre a Terra, toda a criação foi Deus. Criou tudo, segundo Sua vontade, tudo para a gente, desfrutar e viver, da melhor maneira possível. Decidiu toda a linha de evolução do planeta, desde o Big Bang, os dinossauros, todo o movimento e a dança dos continentes, a nossa evolução até hoje. Decidiu 3 coisas: nos amar, nos salvar, e nos aceitar como filhos, ao invés de simples criaturas. Decidiu ser três pessoas em uma, um Deus bondoso, justo e compassivo, muito bom e o Pai de todas as coisas, o Filho, único e legítimo Filho, a promessa que se tornou realidade, verbo que se fez carne, que se sacrificou por todo um povo, o povo de Deus, nós. E um terceiro, que habita em nós, Santo Espírito, que é a presença do Eterno em nós, que nos faz ser bons, apesar de sermos maus, e nos acompanha aonde quer que formos.
É dessa forma que encorajo todos nós a também decidir pelo três. Decidir por orar, ler a bíblia e ir em alguma igreja. Também decidir por amar às pessoas, amar a Deus e seguir seus passos. Por evangelizar, trabalhar para Cristo e louvá-lo de todo coração. Por ser bondoso, compassivo, e apaixonado por Deus. Decida por esse três, decida por ter esse Deus como seu Deus. O único Deus, e verdadeiro Deus, capaz de tudo, e criador de todas as coisas. O Deus que se sacrificou por você, e lutou por você, viveu como um de nós por você, e morreu da pior maneira possível, pendurado num madeiro, como um cordeiro que é levado ao matadouro, sem reclamar, sem lutar contra, pois era preciso para te salvar. Decida ter essas três pessoas da trindade completando sua vida e te dando o fôlego de cada dia, superando qualquer coisa que você faça, e tirando a abundância de pecados com uma superabundância da graça. Decida pelo 3. Cuide do planeta, cuide da sua vida, faça dela a melhor possível, em todos os sentidos. Seja ético, seja trabalhador, seja Cristão. E eu digo que a vida eterna só é possível com Deus, que tem a real vida, e vida em abundância. Decida pelo três, amar a Deus, amar aos outros, e viver com tudo o que Deus oferece de melhor, sempre animado perante tudo o que vier, seja bom, seja ruim. Tenha sustentabilidade de vida, tenha Deus, que Ele te abençoe.